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Juntar letras
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Descobrir a sonoridade e o nome de tudo
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nas coisas
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Poder viajar
Conhecer mundos de ontem
de hoje
de amanhã.
Imaginar.
Criar.
Sonhar.
A leitura permite isso e muito mais
Pois ler é tão bom!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Entrevista para Jornal Tribuna do Planalto - Suplemento Escolar


foto do Paço Alfândega, homenageando J.BORGES, no Natal 2006/2007
Entrevista para Jornal Tribuna do Planalto - Suplemento Escolar enviado por e-mail em 2008/12/12, para o jornal TRIBUNA DO PLANALTO - Ano XXI nº 1150 Goiânia, 21 a 27 de dezembro de 2008 e usado nas matérias em http://www.tribunadoplanalto.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=6794&mode=thread&order=0&thold=0 e http://www.tribunadoplanalto.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=6791&mode=thread&order=0&thold=0

Olá Raphaela Ferro!
Finalmente, segue a entrevista. Procurei responder como se estivesse conversando com você, ou com seu leitor/a. Acrescentei alguns textos escritos sobre o Natal, em cores diversas, para facilitar a seleção de trechos se achar necessário. Anexo fotos: duas minhas e quatro da decoração natalina do Paço Alfândega, apesar de antiga (2006/2007) ilustra uma concepção bem brasileira do Natal. Informo, ainda, alguns sites para maiores informações sobre o que escrevo. E, gostaria muito de receber cópia do material que você vai publicar! Obrigada pela oportunidade de refletir e socializar meu pensar. Muita paz! Thelma Regina



1 - Como surgiu esse seu interesse por escrever sobre o Natal, inclusive chegando a publicar um livro sobre o assunto?
Como já lhe falei, anteriormente, não publiquei livro sobre o Natal. O primeiro artigo sobre o tema foi publicado pela FUNDAJ, na série Folclore, sob nº 117, de 1981. Em outras momentos, retomei ao tema, através da internet, em sites de folclore www.jangadabrasil.com.br, de literatura www.usinadeletras.com.br ou em antologias publicadas pela CBJE.


2 - A maioria dos símbolos que guardamos do Natal não condizem com o ambiente brasileiro. Não temos neve, nem chaminé, nem lareira... Por que guardamos esses símbolos?
Acho que esses elementos foram chegando e se consolidando pelo poder da mídia, do comércio. Símbolos de poder e status. Há três/quatro décadas, árvores de natal feitas com galhos de árvores enfeitavam casas brasileiras, agora, pinheirinhos industrializados e cada vez maiores... Há uma/duas décadas, os pisca-piscas começam a enfeitar fachadas inteiras de residências, lojas, shoppings. Antes, poucas construções, geralmente, públicas tinham seu contorno iluminado... Não é saudosismo, mas o natal é diferente porque os tempos são outros, as pessoas são outras, os valores são outros. Escritores e poetas já pensaram o Natal em diferentes aspectos com Manuel Bandeira, Clarice Lispector, Leni Amorim, só para citar alguns. E na música, em 1998, foi lançado um cd Samba de Natal, com participação de Negritude Júnior, Art Popular, Exalta Samba e Só Preto sem Preconceito com letras e ritmos bem brasileiros.


3 - Normalmente, enviamos cartões de natal com imagens de chalés cobertos de neve. Não há opção de cartões mais abrasileirados. O que fazer para modificar esse costume e ter cartões e um natal mais típico do Brasil?
Claro que há! Falta, talvez, maior opção para tal e divulgação do que acontece de maneira isolada, pontual. Por exemplo, na década de 70, do século passado, Abraão Batista, xilógrafo e cordelista de Juazeiro/CE, já usava figuras do universo nordestino em suas produções: reis magos vestidos de cangaceiros, árvores de natal com cajus, etc. Em 2005/2006, um dos shoppings da cidade do Recife - Paço Alfândega - homenageou J.Borges, trazendo em sua decoração, as xilogravuras do mestre de Bezerros/PE. (fotos em anexo). Incentivar a criação e divulgar produções de cartões natalinos mais tropicais, decoração de praças, espaços, etc.


4 - Existe alguma forma de dissociar o Natal de tantos símbolos? Isso seria positivo, na sua opinião?
Creio que seria interessante contextualizar os diferentes símbolos natalinos: origens prováveis, principais miscigenações ocorridas na nossa cultura, dar visibilidade a alguma manifestação cultural relevante de determinada comunidade, etc. Incentivar a prática e divulgação de folguedos natalinos, como reisados, cavalos-marinhos, pastoris. O ciclo natalino no Brasil é muito rico, seja no sentido religioso ou profano. Passando pela culinária, decoração e ornamentos próprios, musicalidade, entre outros tópicos. Divulgar a diversidade de tantas formas de comemorar e de símbolos de Natal é uma medida interessante e positiva de contextualizar o natal brasileiro.


5 - Como e quando surgiram as tradições natalinas e o que faz que elas permaneçam?
As tradições natalinas foram aparecendo e se consolidando ao longo da história humana, em diferentes períodos de tempo, incorporando hábitos e costumes de diferentes povos e religiões, inclusive, as consideradas pagãs. Por exemplo, o presépio remete a 1223, quando São Francisco de Assis usou a primeira representação da cena do nascimento de Jesus Cristo. A brincadeira da troca de presentes do amigo secreto ou amigo presente se popularizou na segunda metade do século XX, sob forte influência do consumismo capitalista.
A oralidade e os conhecimentos dos mais velhos, foi um dos fatos responsáveis pela transmissão e manutenção de muitos símbolos natalinos, como conhecemos hoje. Há algumas décadas e cada vez mais, à mídia, ao comércio e ao marketing cabem parcelas mais significativas para a criação e manutenção daqueles e de outros símbolos natalinos. Não é a toa que, logo em seguida ao dia das crianças, o comércio começa a se decorar de motivos natalinos... A origem, função e o sentido religioso do Natal ficam relegados a segundo plano, no contexto atual. E por ser um fato cultural, as tradições natalinas, também, sofrem processo contínuo de construção e reconstrução.


Gostaria que você abordasse também um pouco da sua formação para que eu possa contextualizar no texto.
Sou professora, pesquisadora de folclore e aprendiz de escritora. Tenho formação em Magistério (nível médio) e Ciências Sociais (Bacharelado e Licenciatura Plena). Fiz um curso de especialização em pesquisa folclórica, iniciando meus escritos nessa área. Publiquei um livro solo - Mário Souto Maior e as Crianças (em 2000 já esgotado). Participo de várias antologias (poesias, contos e crônicas) pela CBJE e Litteris. E escrevo em alguns sites de literatura, educação e folclore. Tenho dois blogs (//thelmaregina.blogspot.com/ e //socializandoleituras.blogspot.com/).
Um pouco mais de minha biobibliografia :http://www.camarabrasileira.com/entrevista235.htm (literatura), http://www.jangadabrasil.com.br/indice/autor/autorL.asp?PageIndex=4 (folclore),
http://www.camarabrasileira.com/cordel.htm (folclore) disponibilizo, se você achar necessário.

NATAL
GUIRLANDA, um enfeite natalino que se populariza no Brasil
TRADIÇÕES NATALINAS
SÓ UM CONTO DE NATAL


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